O diagnóstico de que a sociedade ocidental vive uma crise de autoridade, ou liderança, já completa mais de uma década. De acordo com o psiquiatra e psicanalista Jurandir Freire Costa, nossas fontes de autoridade históricas –Justiça, tradição e vidas exemplares– perderam a credibilidade no final do século 20, quando foram parcialmente substituídas pelas identidades de consumo (consumismo), corporais (preocupação exagerada com o corpo) e marginais (violência). O problema é que nenhuma dessas identidades se prova forte o bastante como fonte de autoridade, uma vez que se diluem facilmente. O resultado todos nós temos sentido em maior ou menor intensidade: um imenso vazio.

A esta altura, o leitor deve estar se perguntando: a autoridade é necessária de fato? Por que separar caciques e índios? Nas empresas, já se intui que o papel dos líderes é fundamental para que as coisas aconteçam. Porém Freire Costa dá a explicação conceitual: “Uma sociedade sem autoridade é virtualmente ‘suicida’, na medida em que deixa de se preocupar em vencer a morte, criando ou a eternidade (o que passa por alguma forma de religiosidade), ou a imortalidade (por meio da arte)”. Isto é, em uma organização social sem autoridade, seja ela qual for, o futuro fica comprometido. Não deixa de ser um paradoxo em tempos de sustentabilidade como palavra de ordem, não é?

Se o gap de autoridade já se nota no meio empresarial, onde se ouve cada vez mais alto o clamor por lideranças consistentes, mostra-se indisfarçável em relação a líderes políticos e religiosos. Só que... mesmo entre estes há exceções.