O presidente do conselho de administração da incorporadora imobiliária Gale International, Stan Gale, está radiante –como se acabasse de se tornar pai. Em 2000, quando construía escritórios, Gale ficou mal--afamado por demolir a tradicional loja de departamentos Filene’s Basement, de Boston, nos Estados Unidos, e substituí-la por um buraco no chão. Mas, em 2001, uma ligação telefônica da Coreia do Sul começou a mudar tudo. O governo daquele país lhe fez uma oferta que outras empresas haviam recusado. Gale tomaria emprestados US$ 35bilhões dos bancos sul-coreanos e de sua maior empresa de aço e usaria o dinheiro para construir do zero uma cidade do tamanho do centro de Boston, em uma ilha lamacenta do mar Amarelo, feita pelo homem. Ele aceitou. Era a cidade de Nova Songdo.

A razão do orgulho é que, embora não tenha previsão de ficar pronta até, pelo menos, 2015, Gale cortou a fita do “Central Park” local, inspirado no parque de Manhattan. Em volta haverá um mix de edifícios baixos com arranha-céus espelhados, condomínios residenciais, prédios de escritórios e a torre mais alta da Coreia do Sul, a Northeast Asia Trade Tower, de 305 metros de altura.

Nova Songdo é a cidade planejada mais ambiciosa desde Brasília, 50 anos atrás. Brasília, como é amplamente aceito hoje, acabou sendo um desastre: grandiosa, fora da escala e rapidamente circundada por favelas. Nova Songdo tem de ser melhor, porque há muito mais sobre ela do que ajudar Gale a quitar suas dívidas. Foi aclamada, desde sua concepção, como o protótipo de “comunidade do amanhã”. Uma cidade verde, certificada com o selo LEED (Leadership in Energy & Environmental Design, ou liderança em energia e design ambiental) desde o início, criada para emitir um terço dos gases geradores do efeito estufa que uma metrópole típica do mesmo tamanho (cerca de 300 mil pessoas durante o dia) produz.