Rupert Murdoch que o perdoe, mas Alan Moore é contundente: quando o “furioso” magnata da mídia, controlador de um império que abarca desde o inglês The Times ao norte-americano The Wall Street Journal, afirma que a jovem geração de consumidores quer tudo de graça e que isso é insustentável, ele está fazendo uma cortina de fumaça para esconder seu verdadeiro incômodo: o de que, na nova economia, o poder está mudando de dono e saindo das mãos dos que muitos descrevem como cidadãos Kane contemporâneos.

O britânico Alan Moore vem despontando como o arauto da economia e da sociedade não linear (não em linha reta, na tradução ao pé da letra de “no straight lines”), ou NSL, como ele chama informal e sonoramente, e está escrevendo um livro sobre o tema, que deve ser lançado este ano. “Não linear” poderia ser apenas mais um dos tantos nomes que os mais diversos especialistas têm dado à nova transição socioeconômica, talvez mais extravagante do que a média, mas carrega um diferencial conceitual respeitável. Enquanto os outros batizam esta era pelos fenômenos sociais e econômicos mais palpáveis, como economia em rede (pelas redes sociais) e sociedade digital (pela tecnologia), Moore se refere a algo maior: a mudança é de mentalidade.

Em entrevista exclusiva a Patrícia Timoner, brasileira que foi por muito tempo acadêmica na Austrália na área de mobile, Moore discorre sobre o mundo NSL, em que a sociabilidade, como habilidade de se socializar, passa a ser uma vantagem competitiva fundamental para profissionais e empresas.