Para um novo presidente executivo de empresa, as primeiras impressões é que ficam. No começo de sua gestão como CEO do grupo Volkswagen para as Américas, Stefan Jacoby recebeu uma carta de um revendedor da Califórnia declinando de seu convite para participar da primeira reunião geral com a equipe de revendedores. “Não quero ir para Orlando e ter de ouvir todas aquelas mentiras”, dizia a carta. O presidente recém-nomeado ficou impressionado com a franqueza do parceiro. E o entendeu –desde que chegou ao país que adotou em 2007, Jacoby vem se esforçando para entender os norte-americanos.

Outra lição importante ele aprendeu com Jill Bratina, sua nova diretora de comunicação corporativa. “Ele ficava me perguntando por que eu tinha sede o tempo todo”, diz a executiva, que raramente é vista sem uma garrafa de água na mão ou enfiada num porta-copos em seu carro. “Não tenho propriamente sede, só quero ter certeza de que terei água à disposição.” Manter uma garrafa na mão pode parecer exagero para os alemães, mas não para os norte-americanos, que passam tanto tempo parados no trânsito. Nos Estados Unidos [assim como em algumas cidades brasileiras], carros se transformaram em extensões de seus escritórios e salas de estar e devem ter o conforto e a conveniência correspondentes.

Fato é que a gestão de Jacoby passou a ser importante para o negócio da VW. No último trimestre de 2009, a companhia saltou do terceiro lugar em vendas mundiais de carros para ameaçar a Toyota, dona do posto número um [a Toyota manteve a liderança, vendendo 7,81 milhões de carros em 2009, mas isso representou 13% menos que no ano anterior, enquanto VW comercializou 6,29 milhões, em um avanço de 1,1%]. A VW deve isso em grande parte a sua recente união com a Porsche e ao aumento de vendas graças aos programas europeus de “pagamos por sua lata velha”.