Embora não tenha ficado imune ao impacto da queda da atividade econômica no País nos últimos anos, o mercado de aviação civil brasileiro registra uma invejável expansão quando analisado desde o início deste século. No começo da década de 2000, 30 milhões de pessoas viajavam de avião por ano em trajetos dentro do território nacional; em 2015, o melhor ano para o setor, esse número subiu para 100 milhões. “Para dar ideia da magnitude desses dados, a antiga Varig, em seus tempos áureos, transportava por ano 8,5 milhões de passageiros. Hoje, a aviação brasileira  conduz essa quantidade em um mês de atividade”, compara Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

Ele aponta que a principal razão para esse crescimento foi o fim do controle do preço das passagens exercido pelo governo até o início dos anos 2000. A tarifa média, desse período até 2016, caiu de R$ 700 para R$ 323. Também contribuíram para a expansão das viagens a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) e o consequente aumento da renda do brasileiro, verificados sobretudo até 2010. Nas palavras do presidente da Abear, “o hábito de voar deixou de ser de uma pequena elite e passou a integrar o cotidiano da população brasileira”.

O executivo Paulo Sérgio Kakinoff acrescenta um terceiro fator ao exuberante crescimento do setor: a criação, em 2001, da Gol Linhas Aéreas Inteligentes, que introduziu no mercado brasileiro o modelo de operação com frota padronizada, o qual permite flexibilidade no uso das aeronaves e proporciona importante racionalização de custos, revertida em benefícios  aos passageiros na forma de tarifas menores e serviços mais adequados aos viajantes. A Varig, ícone da aviação brasileira citada por Sanovicz, foi comprada em 2007 pela Gol.