Um almoço de três horas e um guardanapo –Angela Ahrendts não precisou mais do que isso para definir o rumo estratégico da Burberry, a companhia de moda britânica fundada em 1856 por Thomas Burberry, quando ele contava pouco mais de 20 anos de idade. Estava à mesa com Christopher Bailey, diretor de criação da histórica marca e amigo de Angela desde que trabalharam juntos na nova-iorquina Donna Karan, na década de 1990. Em janeiro de 2006, ela mudou-se para Londres para assumir a posição de CEO da empresa que representa a quintessência da identidade britânica. Sua missão: conferir novo espírito à grife, expandi-la geograficamente e ampliar seu leque de produtos.

A executiva acabou fazendo mais do que isso. Transformou a Burberry em um estilo de luxo global e jovem, tomando o caminho oposto à rota trilhada por conglomerados europeus como o LVMH (Louis Vuitton, Fendi e Kenzo), o Prada (Church’s e Miu Miu) e o PPR (Gucci, Bottega Veneta e Yves Saint Laurent), cujas estratégias de crescimento foram alicerçadas em aquisições e na sinergia entre companhias. Ahrendts inspirou-se na gigante norte-americana Ralph Lauren, a maior fabricante de roupas finas do mundo, que soube levantar seu império mantendo-se fiel a suas raízes.

No guardanapo, a CEO escreveu a estratégia da empresa para cinco anos, embasada em três conceitos-chave: