A BlackRock é a maior gestora de ativos financeiros do mundo. São US$ 6,44 trilhões sob sua gestão, mais do que o PIB de muitos países. Todas as decisões ali tomadas, as análises que são feitas e os conselhos dados a investidores têm influência significativa no mercado global. Desde 2012, seu CEO e cofundador, Larry Fink, publica uma carta anual aos CEOs das empresas que recebem seus recursos, com avaliações sobre a economia e o futuro, e recomendações para uma melhor governança corporativa. Mas a carta do início de 2018 foi diferente. Enquanto todas as anteriores eram denominadas “carta anual para os CEOs”, essa tinha um título: “Um senso de propósito”.

Nessa carta, recebida de maneira arrebatadora pelo mercado, Larry Fink instiga os líderes das empresas de seu portfólio a assumirem mais do que o compromisso fiduciário com os investidores – ele pede uma postura proativa em relação aos problemas do mundo. Fink argumenta que, apesar do crescimento recorde dos lucros empresariais, muitas pessoas vão mal financeiramente, com situação estagnada ou piorada. Também observa que os governos não se têm mostrado capazes de resolver esses problemas nem parecem se preparar para resolvê-los futuramente – e, assim, as pessoas cada vez mais esperarão que as soluções venham das empresas. 

Nesse cenário, analisa Fink, a empresa que não atende às necessidades da sociedade, ou que contribui para a piora de suas condições, vai tornar-se mais vulnerável às pressões de seus stakeholders, frágil mesmo, o que pode lhe tirar a legitimidade para operar. Em outras palavras, Fink alerta para o fato de que a falta de um propósito social claro está deixando as empresas menos aptas a alcançar seus objetivos básicos de crescimento e lucratividade.