Alan Mulally, o CEO mundial da Ford, está diante de mim, com seu cabelo ruivo penteado à moda antiga, como um ex-engenheiro da Boeing. Ele se levanta rapidamente. “Venha comigo”, diz, colocando seu braço em volta de meu ombro. “Você precisa ver isso.” Mulally me conduz a seu gigantesco escritório e aponta para a janela de seis metros de comprimento. Lá fora, o rio Rouge e centenas de fábricas e chaminés de Detroit.

Então, ele fica quieto por um momento. Deduzo que não está se gabando, mas apenas atônito com o cataclisma que se desenrolou bem embaixo de sua janela. “É inacreditável.”

Mulally vem afastando a Ford do perigo faz quatro anos. Ele diminuiu custos com funcionários em quase 22%, rodou a empresa inteira evangelizando os 200 mil funcionários com novos princípios resumidos em um cartão que se carrega no bolso e, com a ajuda do ex-diretor financeiro Don Leclair, até conseguiu levantar um empréstimo bancário em um cenário bastante adverso –foram US$ 23,5 bilhões, sem um centavo pedido ao governo dos Estados Unidos.