Imagine como seria bom ter um gigante de 50 metros para te ajudar a fazer as coisas que você não consegue. Empresas podem ajudar muito a sociedade, podem ser reconhecidas, se perpetuar e progredir.

Porém gigantes também podem nos machucar muito, imagine um gigante andando por aí e pisando nas pessoas. Aliás, não precisa nem imaginar, pense num filme do Godzilla.

O impacto que as empresas geram na sociedade é inestimável.

O novo mundo da impermanência também chamado de VUCA (Volátil, incerto - em inglês -, complexo e ambíguo), onde andar rápido já não é rápido o suficiente, grandes empresas são criadas e somem sem aviso.

Multiplicam os casos de empresas que se complicam ao serem descobertas enganando clientes e corrompendo a sociedade na busca de atalhos. Casos que, ao virem à tona, causam um colapso de imagem e cultura, deixando essas empresas em risco de sobrevivência.

Luiz Fernando Roxo
Luiz Fernando Roxo

Tirando o idealismo e pensando como homens de negócio devemos nos perguntar, será que essas empresas que agem de modo antiético e fragilizam a sociedade vão prosperar nesse novo mundo que entregaremos aos millennials?

Ainda é um bom negócio pensar nos fins a qualquer custo e focar no curto prazo?

Para concluir temos que responder algumas perguntas antes. Como são as empresas que estão vivas e prosperando há séculos? O que é um grande negócio?

Um grande negócio é ter um produto que custa R$ 50, para fazer com que o cliente pague R$ 250 e que, para ele, cliente, vale R$ 1.000. Essa regra serve para um chocolate premium, um carro ou uma hospedagem.

Empresas com essa dinâmica, além de terem enormes resultados, ajudam o mundo uma vez que criam riqueza fazendo coisas que custam R$ 250 mas que, no fim das contas, valem R$ 1.000. Essas são as empresas com alma.

Se um negócio não possuir essa dinâmica, com a atual aceleração exponencial dos processos ele vai desaparecer por mais astutos que forem os empreendedores.

Qual a característica de uma empresa com Alma?

Empresas com alma, fazem as coisas no capricho de modo artesanal, seus produtos nos emocionam. Geram felicidade ao superar expectativas. Empresas com alma fazem arte, mesmo que seja em forma de sorvete ou vendendo sapatos.

Empresas com alma são pequenas, mesmo que tenham milhares de funcionários. Sim, pequenas mesmo que grandes. O pequeno está na moda. O pequeno é sexy!

Do que são feitas essas empresas antifrageis que enriquecem o mundo e prosperam no caos?

Essas empresas são feitas das mesmas coisas que qualquer empresa de hoje, marcas e pessoas, umas vez que ativos como capital e máquinas já não são diferenciais.

Grandes marcas são ativos muito valiosos, elas possuem mais chances de continuar vivas e então evoluir, conforme demonstra o efeito Lindy. Fenômeno matemático explicado por Nassin Taleb em Antifragil.

Além de uma grande marca, empresas com alma possuem pessoas, um ecossistema cheio de pessoas. Colaboradores, parceiros, sócios, clientes e a sociedade. Pessoas físicas e jurídicas. E como a teoria das redes nos ensina, quanto mais complexo esse ecossistema maior será o seu valor.

Assistindo ao HSM Summit 2017, algumas tendências são reconhecidas. Uma delas é a percepção do valor da cultura, nenhum plano de mudança sobrevive à cultura da empresa. Como disse um palestrante, a cultura come o planejamento com farinha. A cultura é a alma da empresa.

E o que é a cultura da empresa? 

A cultura são convicções, crenças e hábitos de quem faz a empresa. São os valores que passam de uma pessoa para a outra.

Então a cultura são as pessoas. As pessoas são a alma da empresa. É por isso que o mantra “aposte no jóquei e não no cavalo” é tão forte no mundo das startups. Aposte nas pessoas.

Mesmo com tantas características, o que realmente diferencia as empresas com alma é que nelas as pessoas possuem brilho nos olhos e um alto desempenho. Nas empresas com alma, as pessoas são felizes. 

O que essas pessoas que formam as empresas com alma tem que as fazem assim?

Pessoas incríveis e de alto desempenho, fazem boas escolhas. Elas sabem que a única ferramenta que existe para a mudança da realidade é a tomada de decisões. As escolhas são o ponto de tração que temos com a vida, são o caminho.

E o que é necessário para fazer boas escolhas?

Precisamos de tudo um pouco; por exemplo: o que um profissional de recrutamento precisa para fazer uma boa contratação e não se arrepender depois? Ele precisa de orçamento para oferecer uma boa remuneração e também tem que ter disposição física; o ótimo dá trabalho. Para a contratação certa, é preciso de conhecimento sobre a vaga, a empresa e sobre pessoas. Ele também precisa de tempo; o ótimo não se dá de uma hora para a outra. E, por fim, é preciso motivação para realmente procurar pela pessoa certa.

Em resumo, o recrutador para poder fazer a contratação certa precisa de recursos, recursos de todos os tipos. Todas as escolhas para serem acertadas precisam de recursos.

Eu e as pessoas que trabalham comigo temos pensado sobre isso há anos e dividimos todos os recursos necessários para fazer as escolhas certas e ter alto desempenho em 5 tipos: aquilo que chamamos de 5 recursos.

São eles, dinheiro, saúde, conhecimento, tempo e o 5º recurso, que tem a ver com as emoções.

Um profissional que tem uma boa relação com o dinheiro, próprio ou da empresa, possui uma saúde plena, conhece um pouco de tudo e muito da própria atividade. Administra bem o tempo e que controla as próprias emoções é capaz de um desempenho exponencial e pode virar o jogo.

E por falar em controle das emoções, outro tema repetido pelos palestrantes do Summit 2017 como a fórmula dessa nova empresa antifragil é prover “segurança emocional” para as equipes. O que é “segurança emocional”?

É a percepção de que as pessoas são fundamentais para as empresas e que elas precisam se sentir confiantes para fazer as perguntas certas ou darem a opinião que acharem necessária mesmo que isso implique em mudanças radicais. Já que agora, em vez de andar, as empresas precisam correr.

É, estamos todos chegando nas mesmas soluções. Uma equipe incrível precisa ser rica de recursos. Uma equipe assim cria empresas com alma.

No final das contas, nem mesmo uma grande marca irá sobreviver se a empresa não tiver a cultura certa. Empresas sem alma são caracterizadas por projetos engessados sem criatividade, e com foco no preço e não no produto nem no cliente.

O resultado será um produto ruim, que vai ser vendido num saldão. Ninguém mais quer porcaria, queremos produtos incríveis, seja um telefone, um curso ou uma peça de carne.

Acabou o tempo das grandes corporações com foco apenas em escala e líderes dominadores, os famosos gatos gordos. Eles são frágeis.

O consumidor reconhece cada vez mais a diferença entre as empresas, e aquela que fizer as pessoas felizes será um gigante com alma.