Adam Smith talvez tenha sido o primeiro a observar o paradoxo de que a água tem “valor de uso” incrivelmente alto e quase nada de “valor de troca”. Em outras palavras, todos os seres vivos precisam de água para sobreviver, como também a economia mundial –nos Estados Unidos, só as usinas de energia elétrica representam 39% das retiradas de água doce–, mas ela custa pouquíssimo.

O paradoxo deve se resolver em breve, contudo. A privatização da água é dada como certa em um futuro próximo, fato que está sendo visto com extrema desconfiança em todo o mundo. Isso porque a água é considerada um direito humano fundamental –não uma commodity negociável–, o que foi ratificado em 2002 pelo Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, da Organização das Nações Unidas (ONU).

É por isso que, de acordo com o Water: A Global Innovation Outlook Report, financiado pela IBM, “a água é grátis em tantas partes do mundo [Brasil incluído]. Podem existir custos associados à busca, distribuição e tratamento, mas o recurso em si não é cobrado”. Essa é a grande razão de os Estados Unidos terem 60 mil sistemas de água locais, muitos deles pequenos e apenas 15% de propriedade de investidores.