Como nossa revista, a Fast Company, completou 20 anos, resolvi comemorar de outro jeito: em vez de fazer uma retrospectiva de tudo o que mudou nesse período, decidi exercitar o futurismo e levantar 20 previsões para os 20 anos que vêm.

1- A velocidade prevalecerá. 

A velocidade começou a imperar nos negócios em 1995, com o surgimento do navegador Netscape. Hoje, iteração e redefinição constantes são exigidas de todos os setores. Resta saber quando os governos conseguirão entrar no ritmo.

2- Mark Zuckerberg liderará.

Aos 31 anos, o inventor do Facebook ainda é subestimado, mas, para a revista, ele já se tornou um líder sem precedentes – e continua focado em aprender. Essa característica, ao lado do fato de controlar uma rede de US$ 30 bilhões ainda em expansão, garante seu protagonismo na economia e na cultura nos próximos anos.

3- Malala construirá.

O que fazer depois de ganhar um Prêmio Nobel da Paz ainda adolescente? Malala Yousafzai está respondendo a essa pergunta não só chamando a atenção para as necessidades educacionais das meninas no mundo em desenvolvimento, mas também criando programas reais que terão impacto tangível. Ela representa uma parcela da população com talento incrível que começa a surgir de cantos obscuros do planeta e que vai redefinir nosso mundo.

4- Elon Musk será inspiração.

Não importa se ele é o Tony Stark da vida real ou se seus negócios realmente serão um sucesso. O que interessa são suas ideias e seu exemplo, uma força catalisadora para o progresso em um dos problemas mais perversos do momento: a mudança climática.

5- A tecnologia melhorará a vida humana. 

Pelas lentes da história – e não da ficção científica –, os avanços tecnológicos melhoram a vida das pessoas. Não estamos esquecendo as crueldades que já cometemos em nome do progresso e também não esperamos o fim de tragédias naturais, doenças ou terrorismo. No entanto, apesar das ameaças, a expectativa de vida só aumentou ao longo dos séculos. Esse avanço continuará.

6- Ferramentas digitais darão asas à oportunidade.

A desigualdade continua nos Estados Unidos e em todo o mundo e as barreiras digitais sempre serviram para aumentar as diferenças. Porém a penetração cada vez maior do celular tem o potencial de mudar essa dinâmica, dando acesso a ferramentas educacionais que vão transformar as oportunidades nos países em desenvolvimento.

7- A democracia será digital.

Apesar de todas as restrições, o processo de votação logo será digital, assim como as pesquisas de opinião já o são, e os candidatos terão de dominar as tecnologias.

8- A diversidade se aprofundará.

Homens brancos continuam a predominar no poder, mas, conforme a população se torna mais heterogênea, isso tende a mudar. Uma liderança mais diversificada também será mais bem-sucedida, já que os problemas estão cada vez mais complexos, porém abordagens e experiências diferentes permitem enfrentá-los melhor.

9- A missão superará o dinheiro.

Os economistas sempre enfatizaram o poder dos incentivos financeiros e das métricas. No entanto, estudos do mundo real mostraram que ter um propósito associado ao trabalho rende melhor desempenho.

10- O DNA será incontrolável.

A decodificação do genoma humano disparou uma onda de tratamentos e abordagens, mas o impacto dos dados genéticos ainda está na infância.

11- A formação médica será reinventada.

A expansão dos conhecimentos em medicina vai muito além da capacidade dos médicos de reter toda a informação. Por isso, a formação médica baseada na experiência prática de plantões será substituída pela capacidade de interpretação de dados e por uma atenção melhor ao paciente.

12- A empatia humana será essencial.

Ouvir e reagir com mais sensibilidade será uma exigência do futuro. Na verdade, o aprendizado pelas máquinas e a inteligência artificial se insinuam com mais profundidade na indústria e nos locais de trabalho, mas a comunicação humana jamais será superada.

13- O empreendedorismo não será para todos.

Hoje, todo mundo está atrás daquela grande sacada, com os governos exaltando as startups e um número cada vez maior de jovens querendo ser seu próprio chefe. Porém empreendedorismo exige trabalho duro, assumir riscos e ter estômago de aço para enfrentar a frustração. Nem todos são talhados para isso.

14- As bolhas explodirão.

Existem bolhas, nem todas as startups bilionárias valem tanto e alguns investidores vão se dar mal. Falar em bolhas ou não bolhas, portanto, é perda de tempo, porque elas sempre existiram – e sempre estouraram. O que importa é permanecer adaptável.

15- O simples se tornará mais difícil.

As tecnologias prometem tornar a vida melhor, mais barata e mais simples. A vida até pode ficar melhor e mais barata mesmo, mas será cada vez mais complicada. A publicidade é um exemplo: antes, havia anúncios para rádio, TV e mídia impressa; hoje, é possível chegar a nichos muito específicos por diversas mídias – complicou bastante.

16- A segurança das redes será cara.

Estamos todos cada vez mais vulneráveis aos ataques cibernéticos, de hackers ou fruto de nossa própria incompetência. Os custos com segurança, portanto, vão aumentar – e muito.

17- China e Índia dominarão.

Especialistas há muito preveem que os dois gigantes adormecidos despertarão para desafiar a hegemonia de Estados Unidos e Europa. Nos últimos 20 anos, o avanço nesse sentido não foi em linha reta, mas é inegável – e deve se aprofundar.

18- A comida será mais saudável.

O sucesso de empresas como Whole Foods indica que estaremos cada vez mais querendo saber o que ingerimos – e estaremos dispostos a pagar por isso.

19- O dinheiro vivo desaparecerá.

Manter um dinheirinho de emergência na carteira sempre fez sentido, mas, com os meios de pagamento ubíquos, a necessidade de dinheiro vivo será cada vez menor.

20- Seremos uma grande família no mundo.

Telefone, avião e TV já ajudam a tornar o mundo menor, e as novas tecnologias nos tornarão cada vez mais próximos. Teremos menos licença para ignorar os problemas de outras partes do mundo, o que gerará interesse em manter uma “paz em família”. Essa previsão é a que nos dá mais razão para esperança.

Tudo isso posto, o slogan adotado por nossa revista na fundação ainda vale: “Trabalho é pessoal, computação é social e conhecimento é poder”.

Estes são os highlights do texto que Safian publicou originalmente na revista Fast Company, edição de dezembro 2015-janeiro 2016.