Como pesquisador da área de gestão, tive a oportunidade de investigar muitas organizações e aprendi que a maioria das grandes empresas é bem parecida, pelo menos no que diz respeito à gestão. Os rituais de estabelecimento de metas, planejamento, orçamento e avaliação do desempenho diferem pouco de uma empresa para outra. A arquitetura do poder varia menos ainda. Estruturas hierárquicas, indicação de lideranças de cima para baixo e funcionários cumpridores de ordens se repetem em quase toda empresa que estudei.

Uma exceção espantosa é a W.L. Gore & Associates. Conhecida principalmente pela marca Gore-tex, de tecidos de alta performance e das cordas de guitarra Elixir, a companhia faz mais de mil produtos e emprega 9 mil pessoas em 50 locais mundo afora. Onde quer que opere, a Gore é frequentemente ranqueada como um dos melhores lugares para trabalhar.

Visitei a empresa pela primeira vez quando fazia pesquisas para meu livro O futuro da administração, depois que ela tinha sido qualificada como a mais inovadora do mundo pela revista Fast Company. Aquela primeira visita foi estranha, desconcertante até. Praticamente não encontrei nada ali que correspondesse às práticas de gestão que observara em centenas de outras empresas –não havia títulos, chefes e hierarquia formal. Senti-me como um cirurgião que tivesse aberto um paciente que parecia humano, mas se revelava recheado de fios e circuitos.