O ponto de partida de Wikinomics é o caso da Goldcorp, centenária empresa de mineração de Ontário, Canadá, que superou grave crise financeira a partir de um plano ousado, o “Desafio Goldcorp”, idealizado por seu diretor-geral, Rob McEwen, com inspiração no sistema operacional Linux, de acesso livre. A companhia abriu seus estudos geológicos ao público e concedeu um prêmio de US$ 575 mil em dinheiro para os melhores métodos e estimativas de qualquer especialista que indicassem onde encontrar ouro nos 222 km² de sua propriedade. Em poucas semanas, a notícia se espalhou pela internet e uma enxurrada de inscrições de todo o mundo chegou ao quartel-general da Goldcorp. O concurso não apenas rendeu ouro em profusão, como catapultou uma empresa com desempenho anual insatisfatório de US$ 100 milhões para o patamar dos US$ 9 bilhões.

O exemplo da Goldcorp ilustra como o acesso crescente à tecnologia da informação pode colocar nas pontas dos dedos de todos as ferramentas necessárias para colaborar, criar valor e competir. São decisivas nesse processo as “armas de colaboração em massa”, ou novas estruturas colaborativas de baixo custo, desde a telefonia gratuita por internet até software de código aberto ou plataformas globais de terceirização.

Segundo Tapscott e Williams, milhões de pessoas já unem forças em colaborações auto-organizadas capazes de produzir novos bens e serviços dinâmicos que rivalizam com os das maiores e mais bem financiadas empresas do mundo. Esse modelo de inovação e criação de valor é chamado de peer production, ou peering, que significa interconexão voluntária de redes de internet para viabilizar o trânsito de informações. Eles dizem que exemplos de colaboração em massa como MySpace, YouTube e Linux são apenas o começo, ou personagens famosas do primeiro capítulo de uma longa saga que mudará muitos aspectos do funcionamento da economia.