No Ocidente, é comum ouvir especialistas louvando quem empreende, com elogios muitas vezes acompanhados de uma lista de hotspots para quem quer ousar. Porém o empreendedorismo (definido como a iniciativa de fundar e gerir o próprio negócio) está mais presente nas ruelas dos países pobres do que nas highways do Vale do Silício californiano.

Basta ir a uma feira de rua de um país em desenvolvimento para, em meio ao caos aparente, captar sinais do capitalismo na forma mais crua. Uma parte é ocupada pelos vendedores de hortaliças, todos com as mesmas mercadorias e a preços similares. Outra, pelos açougueiros, vizinhos dos vendedores de frango. Logo vêm a seção das frutas e as barracas de utensílios de cozinha, bastante parecidas e com preços homogêneos. Cada barraca acomoda um microempreendedor, que emprega até cinco funcionários.

O microempreendedorismo dos mercados emergentes não se limita aos feirantes; em muitos desses lugares, apostar em uma atividade própria é a única maneira de ganhar a vida. No Peru, 69% dos lares urbanos que vivem com menos de US$ 2 por dia praticam um negócio próprio. Na Índia, estimativas falam em 40% de atividades autônomas entre os moradores urbanos mais pobres. Os produtores rurais dos países em desenvolvimento, na maioria, também podem ser definidos como microempreendedores. Isso faz com que o percentual de empreendedores na população total seja especialmente elevado nos países em desenvolvimento: os bolivianos, por exemplo, apresentam um índice de atividade empreendedora três vezes superior ao dos norte-americanos e cinco vezes maior do que o do Reino Unido. São empreendimentos informais.