Peter Drucker escreveu Uma Era de Descontinuidade em uma época tumultuada para a sociedade norte-americana. Eram os anos 1967 e 1968, tempo de rebeliões e protestos estudantis contra a guerra no Vietnã. Para o autor, essa turbulência era sintoma de uma mudança profunda, de dimensão mundial, e não apenas de transformações sociais locais.

No prefácio que escreveu para a edição de 1983, Drucker explica que seu livro não visava prever acontecimentos, e sim analisar o que ele denomina “descontinuidades”, isto é, as grandes mudanças subjacentes à realidade social e cultural, cujas manifestações tendem a ser violentas e espetaculares, como são as revoluções. As descontinuidades desenvolvem-se gradual e calmamente e passam despercebidas para a maioria das pessoas. Em certo momento, no entanto, saem à superfície, como lava de vulcão, para mudar para sempre a paisagem da realidade. 

O autor recorda um acontecimento-chave que, em sua visão, marcou o final da fase iniciada com a Segunda Guerra Mundial: o assassinato do presidente John Kennedy, em novembro de 1963. A sensação de irreversibilidade que esse fato lhe transmitiu foi o que o levou, alguns anos depois, a escrever esse livro.