“Hoje, o fracasso não provém tanto da ignorância (erros cometidos porque não sabemos o suficiente) como da inépcia (erros cometidos por não aplicar bem o que sabemos)”, escreve o cirurgião Atul Gawande, professor da Harvard Medical School e colaborador da revista The New Yorker. Em sua profissão, um tropeção é uma queda; o equívoco mais corriqueiro pode provocar uma calamidade.

Em seu último livro, The checklist manifesto, Gawande argumenta que a melhor maneira de exorcizar o fracasso é fazer uma lista. Os experts, diz, sejam eles médicos, pilotos de avião, engenheiros ou executivos, poderão lutar melhor com a crescente complexidade de suas responsabilidades se mantiverem uma relação dos procedimentos de rotina.

Um cirurgião pode passar por cima do fato de que deve lavar as mãos ou esterilizar a zona de incisão antes de iniciar os procedimentos? Um piloto pode ignorar um som de alarme ao decolar? “Estudos nas unidades de terapia intensiva (UTIs) de hospitais norte-americanos mostram que pelo menos em um terço das vezes os médicos e as enfermeiras pulam algum passo dos procedimentos básicos de desinfecção”, relata Gawande. Ele descreve um programa implementado por pesquisadores da Johns Hopkins University na UTI de hospitais de Michigan que, em quatro meses, reduziu a taxa de infecções de 4% a zero. “Instaurou-se o uso de uma lista de cinco passos para recordar questões essenciais, como higienizar-se ou usar máscara cirúrgica.”