Lançado em 1887, o livro Norte contra Sul, de Júlio Verne, registrava, em forma de ficção, a realidade da Guerra de Secessão norte-americana, ocorrida entre 1861 e 1865, em que o Norte abolicionista combatia o Sul escravocrata. Quase 150 anos depois, há outra guerra, também econômica, documentada dessa vez em um livro de negócios: Ruptura Global, de Ram Charan. Quem toma a iniciativa da luta agora é o Sul –não dos Estados Unidos, mas do planeta Terra. A guerra é por empregos e a terminologia que caracteriza os combatentes muda: em vez de abolicionistas erguendo-se contra escravocratas, são seguidores rebelando-se contra líderes.

Menos explícita e mais sutil do que o conflito de Verne, a guerra vista por Charan ainda está longe de ser admitida oficialmente. A fragmentação dos acontecimentos em curso também tira sua visibilidade para economistas, historiadores e imprensa, tornando-a mais fácil de perceber por quem atua no front microeconômico. Gestores a estão sentindo na pele, mas sem compreendê-la estruturalmente. Coube a Charan, que trabalha como coach de CEOs e consultor de multinacionais, sistematizá-la de modo pioneiro.

Se ele estiver certo, a guerra por empregos do século 21 está apenas começando e vai deixar um longo rastro de mortos e feridos nos negócios. Entretanto, como em qualquer combate, muitos personagens têm chance de sobreviver. Assim como membros da família Burbank nos dois volumes de Norte contra Sul, os líderes de empresas aos quais se dirige Ruptura Global podem sair sãos e salvos do combate, segundo o autor, se agirem de maneira correta.