Criei intimidade com o tema do masculino-feminino em meio a um tumultuado momento de carreira. Era diretor corporativo de RH da Natura e algumas incertezas me angustiavam. Buscava compreender aquele contexto com leituras, terapia, conversas com amigos e mentores, além de uma frequente consulta a minha consciência.

De repente, um insight emergiu: era preciso ampliar a identificação com meu polo masculino e com tudo inerente a ele, como autoconfiança, estabilidade, segurança, senso de direção e escolha. Precisava arrebatar minhas atribuições e responsabilidades. Minha atitude era a de alguém usurpando uma cadeira que não era sua, com receio de preencher o espaço com a força de seus talentos. Meu masculino precisava de reabilitação.

Minhas características de liderança estavam claramente identificadas com o polo feminino. Não tinha receio em expressar pensamentos e sentimentos, mesmo aqueles que expunham minha vulnerabilidade a colegas, pares ou membros da alta administração. Minha fala era permeada pelo tema de crenças e valores –individuais e organizacionais– e minhas escolhas tinham a busca de sentido e significado como norte. Meu desejo era por criatividade e mudança, mais do que por estabilidade e continuidade.