Ex-executiva-chefe de talentos do banco que se tornou símbolo da recente crise financeira mundial, Hope Greenfield dá um depoimento que explica por que suas melhores características organizacionais se tornaram as piores
Como muitos veteranos do Lehman Brothers, passei o fim de semana antes de ser declarada a falência da empresa grudada no Bloomberg News, à espera de um milagre. O Lehman já havia se recuperado de muitas experiências terríveis no passado. Não dessa vez. Tendo me aposentado havia pouco tempo, mas ainda atuando como consultora, fui para lá na segunda-feira depois que o banco comunicou sua falência para encaixotar minhas coisas e me lamentar com meus amigos.
No fim do dia, passei no escritório do CEO Dick Fuld, que havia conduzido a empresa por 14 anos. Ele estava sentado a sua mesa, pálido, telefones mudos. Disse-lhe como estava sentida e o impacto tremendamente positivo que ele tivera sobre a vida das pessoas. Ele me agradeceu e, quando eu estava saindo, desabafou: “Eu só gostaria que o final tivesse sido diferente”.
Se uma boa orientação financeira ou ajuda governamental poderiam ter salvado a empresa? Eu diria que a resposta é “provavelmente não”. Se existe algo que a empresa poderia ter feito em um prazo longo para evitar uma derrocada tão espetacular? Aí minha resposta é um enfático “sim”. A questão é de cultura.