Em 1899, o artista plástico Jean-Marc Côté foi contratado por uma empresa de brinquedos francesa para criar um jogo de cartões do tipo Super Trunfo, com desenhos de como seria o estilo de vida das pessoas cem anos adiante. O jogo não chegou a ser distribuído, mas um conjunto desses cartões foi descoberto por Isaac Asimov e este o popularizou em seu livro Futuredays: A Nineteenth Century Vision of the Year 2000.

É incrível ver que a imaginação de Côté “viu” invenções de nossos dias, de drones à impressão 3D, passando pelo uso da tecnologia digital na educação a distância e pelo helicóptero.

Essas gravuras traduzem a visão de futuro para o grande público, como descreveu David Hill, editor-chefe da publicação digital Singularity Hub, e assim o futuro (não o passado) determina o presente. Em outras palavras, imaginar o futuro é fundamental para o progresso de nossa sociedade, pois a perspectiva de tempos melhores mobiliza as pessoas e gera ações concretas.

Quando Côté fez seus desenhos futuristas, pouco mais de 80% da população mundial vivia em extrema pobreza e, em 2015, segundo o Banco Mundial, esse indicador chegou a menos de 10%, melhora que se acentuou nos últimos 30 anos. Em 1900, o índice de analfabetismo no planeta se aproximava de 80% da população adulta, e hoje a proporção se inverteu: há 15% de adultos analfabetos e 85% de alfabetizados.

No mesmo período, no Brasil, a expectativa de vida cresceu de 23 para os atuais 75 anos, tendência observada em maior ou menor grau em todas as partes do mundo. Na última década, vimos crescimentos exponenciais nas fontes de energia renováveis, com destaque para a eólica e a solar. O mundo nunca foi tão próspero.

Porém pode ser ainda mais se imaginarmos o futuro que queremos. Temos a tecnologia e os recursos para solucionar todos os problemas do mundo. Por que não conseguimos fazer isso? Por que ainda há regiões tão privadas das necessidades mais básicas? Por que a qualidade da educação é tão desigual?

Se nos últimos cem anos fomos capazes de evoluir tão drasticamente, por que não fazer o mesmo nos próximos cem? Realidade virtual, inteligência artificial, aprendizado automático, redes neurais artificiais, carros autodirigíveis etc.

Podemos. A questão é como.

Como colocar todas essas inovações a serviço de um futuro melhor? Como aproveitá-las em nossos negócios e direcioná-los para que sirvam a um propósito maior?

É claro que o novo desperta sensações ambíguas em nós: esperança e excitação de um lado, ansiedade e medo de outro. Basta citar o Uber, que deu ânimo a quem estava desempregado, mas revoltou os taxistas, representantes do status quo. Só não podemos esquecer que as tecnologias que geram rupturas são as mesmas que criam oportunidades.

Eu acredito em um Brasil melhor, mais próspero, justo e ético, em um Brasil onde meus filhos e netos poderão conviver em harmonia com os outros de diferentes crenças, raças e escolhas. Eu acredito em empreender ideias em um ambiente fértil e propício para a inovação. O futuro ferve e é preciso agir, engajar, cocriar, mobilizar, articular e inspirar agora!