A inovação continua a crescer em importância entre as organizações, independentemente da constante crise econômica que o planeta vive. O Boston Consulting Group (BCG) levantou, em sua décima pesquisa sobre o tema, que 79% dos entrevistados consideram a inovação prioridade número um ou, pelo menos, colocam-na entre suas três prioridades. Esse foi o maior percentual já registrado.

O ranking de 2015 é liderado, novamente, por Apple e Google, e um panorama das dez primeiras posições faz saltar aos olhos a prevalência das chamadas “empresas fast-tech” (rápidas para levar um produto desenvolvido ao cliente final) e de montadoras automobilísticas focadas em tecnologia.

Cinco das dez empresas líderes de 2015 não são convencionalmente  classificadas no setor de tecnologia, e, na lista das 50 maiores, 76% não são de tecnologia. O grupo das 50 primeiras inclui nomes de diversas partes do mundo: 29 dos Estados Unidos, 11 da Europa e 10 da Ásia. Dos mercados emergentes, contam-se quatro – três companhias da China e uma da Índia.

4 fatores de alto impacto

O que explica o êxito dessas empresas em inovar? Quatro fatores se mostram críticos: ênfase em velocidade; processos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) bem geridos, geralmente enxutos; uso de plataformas tecnológicas; e exploração sistemática de mercados adjacentes.

Revisando as pesquisas dos últimos dez anos, confirmamos que companhias que constaram do ranking das 50 mais inovadoras em pelo menos nove de dez listas são todas fortemente ligadas a esses quatro fatores. Estamos nos referindo não às dez primeiras do ranking de 2015, mas a Apple, Google, Microsoft, Samsung, Toyota, BMW, Amazon, IBM, Hewlett-Packard, General Electric, Cisco Systems, Nike, Sony, Intel, P&G e Walmart.

Ciência e tecnologia estão por trás dos quatro fatores, que são inter-relacionados e difíceis de examinar isoladamente. Isso não significa que todas as empresas sejam fortes em todos os quatro fatores, mas, considerados em conjunto, eles é que determinam os passos a serem dados para aumentar a chance de inovar com êxito.

A Apple é a número 1 do ranking BCG de empresas mais inovadoras, cujos produtos têm grande demanda, na foto, uma Apple Store de Estrasburgo, França, lotada em dia de lançamento de uma nova versão do iPhone

Alta velocidade

O percentual dos entrevistados que citaram a importância de rapidamente adotar novas tecnologias aumentou 22 pontos percentuais no estudo de 2015 em relação ao ano anterior. Entre os obstáculos ao retorno sobre o investimento em inovação mais citados pelos executivos está o longo tempo de desenvolvimento, mencionado por 42% dos entrevistados.

Os inovadores rápidos têm mais chance de serem fortes: 42%, ante 10% dos inovadores lentos. Também tendem mais à inovação radical (27%, ante 1,5% dos lentos) e fazem novos produtos chegarem ao mercado velozmente, gerando mais vendas com eles (pelo menos 30% da receita). Isso é verdade para 35% dos rápidos e só 11% dos lentos.

A varejista de moda Zara é bom exemplo de inovador rápido. Se o desenvolvimento, a fabricação e a entrega de produtos novos em uma varejista de moda típica levam meses, na Zara demoram de duas a quatro semanas.

Ela acelera inovações, diminui custos de desenvolvimento, amplia a participação no mercado (o produto que chega cedo ao mercado tem menos concorrentes e mais tempo para ganhar participação antes de tornar-se commodity) e aumenta a precisão de previsões (porque o tempo entre design e lançamento de produtos é menor).

Em matéria de inovação, há duas frentes nas quais as empresas podem pisar no acelerador: o ritmo de desenvolvimento de novos produtos e serviços e o ritmo de entrega deles ao mercado. As que conceberam seus sistemas, organização, processos e culturas para serem velozes nas duas frentes têm quatro pontos em comum:

O uso de processos enxutos

  1. O uso de protótipos para rapidamente obter contribuições dos consumidores.
  2. A designação de pessoas e recursos específicos para inovar.
  3. A definição e o acompanhamento de métricas corretas, com incentivo às equipes por alcance de objetivos corporativos, e não individuais.

Os inovadores rápidos vêm demonstrando que encurtar ciclos de inovação e desenvolvimento de produtos e reduzir o tempo de chegada ao mercado pode ser uma fonte poderosa de vantagem competitiva.

No entanto, a ênfase crescente em velocidade não é só um diferencial; a demanda geral de velocidade está crescendo.

O estudo foi realizado por Michael Ringel ,Andrew Taylor e Hadi Zablit, sócios seniores e diretores-gerentes do Boston Consulting Group, que atuam, respectivamente, nos escritórios de Boston, Chicago e Paris.