O que ocorreu no cenário global no início deste século, segundo Fareed Zakaria, jornalista especializado em relações internacionais, foi algo diferente do que se esperava. As pessoas anunciavam a emergência da Ásia em geral –e da China em particular–, mas o que se passou foi muito maior. “O crescimento foi produzido em todos os lados, incluindo a América Latina”, afirmou Zakaria em entrevista exclusiva a HSM Management em Nova York, no final de 2012. “Você duvida? Na década de 1970, essa era uma região de ditaduras e economias desastrosas. Por toda parte havia hiperinflação, caos, confusão. Quando veio o ano 2000, os países latino-americanos haviam se democratizado e tinham sanado sua economia. Seu crescimento era acentuado”, recorda ele, que ainda observa: “Neste momento, 33 países crescem na África à taxa superior a 3% ao ano”.

O que está acontecendo hoje é o que Zakaria, que foi editor da revista Newsweek International, é colunista da Time e apresentador do programa Fareed Zakaria GPS, da CNN, denomina “a ascensão do resto”. O resto “é o que está fora dos confins do Atlântico Norte e de alguns poucos territórios do Sudeste Asiático. Países de outras partes do mundo estão crescendo, e de maneira sustentável, porque compreenderam a fórmula secreta do sucesso econômico, que consiste em respeitar alguns princípios básicos do livre comércio e do capitalismo”. O resultado foi uma total transformação do mapa internacional. O jornalista garante: “Logo virá uma situação muito diferente da que vimos nos últimos 300 anos, quando somente o Ocidente dominava”. No entanto, ele também adverte: “O crescimento não será harmonioso em toda parte. Na Ásia, por exemplo, o processo nem sempre será fácil”.

Nascido em Mumbai, na Índia, de onde partiu aos 18 anos para estudar ciências políticas na Harvard University, Zakaria esboça um sorriso largo quando alguém fala da Ásia como um bloco. “A Ásia é uma ideia ocidental, uma construção geográfica do Ocidente”, declara. “Como região homogênea, ela não existe. Tailândia e Paquistão são países que nada têm em comum. China, Índia e Japão não se dão bem.”