Depois da espuma de tortilha de batatas; da “esferificação” de alimentos como a azeitona preta, que por fora é normal, por dentro está líquida e concentrada; das balas de azeite; da paella Kellog’s; da caipirinha sólida, que leva nitrogênio e deve ser mastigada; e da sobremesa “degelo”, uma montanha de raspadinha de gelo recriando geada e neve, entre uma infinidade de extravagâncias do já lendário chef Ferran Adrià, a pergunta que fica é se ainda há espaço para a inovação nessa indústria.

“Quase tudo já foi inventado”, diz o próprio Adrià, que no último 31 de julho fechou as portas de seu mítico restaurante elBulli, ícone da vanguarda culinária mundial, situado na paradisíaca Cala Montjoi, em Roses, ao nordeste da Catalunha.

Ao contrário do que se poderia pensar, Adrià não foi o inventor da desconstrução dos alimentos, conhecida como “cozinha molecular”, mas sim aquele que aplicou e popularizou a invenção do físico-químico francês Hervé This e do físico britânico Nicholas Kurti, que desenvolveram essa técnica em 1988. “Criatividade é ver o que os outros não percebem em algo que já existe. Mas ser inovador é difícil; demanda esforço e perseverança, método e regras”, afirma Adrià.