No início de agosto, uma notícia correu o mundo. Caiu o reinado de cinco anos da Exxon Mobil como empresa de maior valor de mercado dos Estados Unidos, derrubado pela Apple, a criativa fabricante de iPhones, iPods e iPads. Mesmo que ainda mude com as marés de instabilidade das bolsas de valores, esse ranking já confirmou a atualidade do mestre da estratégia Michael Porter, em dois grandes pontos: (1) a Apple é o exemplo acabado do modelo de cinco forças de Porter e (2) a Exxon Mobil, que pratica responsabilidade socioambiental empresarial (RSE), mas cujo core business gera elevado impacto ambiental, deixou de ser a empresa norte-americana número um.

Assim como acertou nas cinco forças, Porter pode estar certo sobre a bandeira que oficializou este ano: a cria-ção de valor compartilhado (CVC), que é o valor econômico gerado por empresas atendendo a necessidades de cunho socioambiental que sejam parte de seu core business. “O modelo capitalista se encontrava dentro de uma redoma de vidro, onde só satisfazia necessidades convencionais de consumidores convencionais; está na hora de as empresas competirem de forma mais abrangente e sofisticada”, explicou Porter durante sua entrevista exclusiva a José Salibi Neto, chief knowledgeofficer da HSM. Como se nota a seguir, Porter está convicto de que apenas o capitalismo –e sua promessa de gerar valor– pode fazer com que os gestores de negócios o consertem.

Você agitou o “mercado” da gestão empresarial em Davos, no Fórum Econômico Mundial de 2011, com uma nova sigla: CVC, de criação de valor compartilhado (CSV, na sigla em inglês), que seria a substituta de RSE, responsabilidade socioambiental empresarial (CSR, na sigla em inglês). Se foi aceito por parte significativa das empresas, também sofreu resistência ao pôr a “sustentabilidade” de escanteio. Passados esses meses, a polêmica continua?