Por maiores que sejam os problemas em torno da realização da Copa do Mundo e da Olimpíada, alguns até mesmo em âmbito judicial, a mobilização que provocam gerou um processo interessante do ponto de vista gerencial. Em primeiro lugar, o País estabeleceu uma meta realmente ambiciosa para 2014 e 2016 —quer ser o primeiro país a seguir as melhores práticas de sustentabilidade em eventos desse porte—, e isso, por si só, já deixaria qualquer especialista em estratégia orgulhoso. “A Copa Verde não foi imposta pela Fifa [Federação Internacional de Futebol]; é um desejo e um esforço de todos nós”, como explica a designer de iluminação Luciana Constantin, responsável pelos projetos de iluminação de algumas arenas. Em segundo lugar, as mais diferentes empresas estão sendo obrigadas a inovar para conseguir atender às limitações de orçamento e de prazo.

No caso da Copa do Mundo, a meta se materializou assim: os 12 estádios que estão sendo construídos ou reformados terão de receber o certificado Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), o sistema de certificação ambiental de edificações mais usado no mundo. “A ideia é o Brasil fazer uma ‘Copa Verde’ mesmo”, conta João Alberto Viol, presidente nacional do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco).

As exigências mínimas para a certificação Leed são as mesmas para todas as construções, que poderão obter o selo prata, ouro ou platina, conforme a pontuação obtida, como explica Felipe Faria, gerente de relações institucionais e governamentais do Green BuilBuildingncil Brasil (GBC Brasil). Os créditos se dividem entre: espaço sustentável; eficiência do uso da água; energia e atmosfera; materiais e recursos; qualidade ambiental interna; inovação e processos; e créditos regionais. “A maioria dos estádios deve alcançar o nível prata, mas o de Brasília tem a ambição de obter o selo platina”, revela. O resultado prático disso? Um estádio como o Castelão, de Fortaleza, economizará 69% de água reaproveitando água da chuva.