Foi-se o tempo de analisar as redes sociais como um fenômeno sociológico ou antropológico. Recentemente, em Londres, o primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, falou apaixonadamente sobre redes, colaboração e interconectividade no TED Global, célebre conferência realizada na Grã-Bretanha. Ele não fez isso somente porque é um evento relacionado a “tecnologia, entretenimento e design”, como a sigla TED indica. Brown falou sobre as redes para estimular a colaboração, a ação coletiva. Comentou sobre o “golpe de texto”, dos milhões de mensagens de texto que potencializaram a condenação pública da corrupção nas Filipinas, o que, por sua vez, levou à derrocada do presidente daquele país, Joseph Estrada, em 2001. Falou sobre os monges de Mianmar que, por meio de seus blogs, colocaram na primeira página dos jornais de todo o mundo a repressão feroz a que estavam sendo submetidos. Citou as fotografias que os cidadãos do Zimbábue tiraram com seus celulares durante os comícios que aconteceram no ano passado. Defendeu, ainda, a necessidade de “conectar uma rede para o bem mundial”.

Encerrou sua apresentação com citações clássicas de Cícero e Demóstenes, embora a habilidade de oratória não fosse o tema em discussão. Não foi por acaso. Esses dois grandes oradores da Antiguidade latina e grega personificam a diferença entre apresentar um discurso e persuadir. Quando Cícero falava, as pessoas aplaudiam e elogiavam: “Que grande discurso!”. Quando Demóstenes terminava, o povo dizia: “Marchemos!”. Todos os exemplos de Gordon Brown mostravam o poder das redes em ação: mensagens, fotografias, blogs, internet móvel e web 2.0.

Como para confirmar a regra de que, cada dez anos, surge uma tecnologia que muda radicalmente o panorama dos negócios, a chamada web 2.0 –e suas tecnologias associadas– chegou para potencializar a criatividade, compartilhar informações, promover a colaboração e ampliar as funcionalidades da internet nas empresas, assim como na vida pessoal. Na realidade, há que se concordar com Tim Berners-Lee, pai da World Wide Web, para quem muitos dos elementos que compõem a web 2.0 existem desde os primeiros dias da internet. Segundo ele, ainda que Facebook, Twitter, MySpace, LinkedIn, Orkut, Frienster, Bebo e outros sites de redes sociais se coloquem como o centro dos acontecimentos, a verdadeira quarta revolução da era da computação é a World Wide Web das pessoas, “a” rede social por excelência, essa teia que nos conecta uns aos outros online e offline. Por quê? Porque é essa malha de relações o fator-chave da transformação da maneira como vivemos, trabalhamos e fazemos negócios. É sobre ela que todos falam, sem entendê-la ou sem explorá-la de fato, mesmo entre os adeptos no mundo corporativo, que poderiam ser considerados os destinatários quase naturais de suas potencialidades.