Em meados dos anos 1980, Peter Drucker olhou para trás, analisou a economia dos Estados Unidos dos 25 anos anteriores e constatou que as previsões de declínio haviam falhado. A surpresa veio pelas mãos de pequenos e médios empresários que haviam conferido nova face e outras perspectivas à economia norte-americana. De gerencial, ela passara a empreendedora, e o pesquisador não se furtou a registrar o fenômeno e a nos propor reflexões acerca dele. Era 1986 quando ele lançou Inovação e Espírito Empreendedor: Práticas e Princípios. Mais de 20 anos depois, o título permanece atual. O conteúdo, idem. Quatro grandes áreas de ruptura são analisadas por Drucker: a explosão tecnológica, a passagem de uma economia internacional para uma economia global, a nova realidade sociopolítica de instituições pluralistas e a emergência do trabalhador do conhecimento.

Porém o que foi que ele percebeu que se desenrolaDruckerEstados Unidos? Drucker viu que, apesar da turbulência econômica (que incluiu a crise do petróleo de 1973 e outros eventos), haviam sido criados 40 milhões de novos empregos naquele país desde 1965, quantidade maior do que a de empregos que haviam sido eliminados definitivamente: 5 milhões. Ora, se as grandes organizações só encolhiam, Drucker partiu para investigar a origem do fenômeno e a localizou na explosão de pequenas e médias empresas, a maioria privada.

As teorias econômicas não haviam vislumbrado esse DRUCKER, Peteral, o empreendedorismo e suas causas não são variáveis econômicas, emboCarlos Malferrarimia. Drucker cogitou, então, que mudanças nos valores, percepções, atitudes, demografias, instituições e até na educação haviam impulsionado o empreendedorismo. “Alguma coisa, com certeza, aconteceu aos jovens norte-americanos. Como explicar, por exemplo, que, de um momento para outro, surja tanta gente disposta a trabalhar como doida por longos anos e a enfrentar sérios riscos, em vez de ter a segurança das grandes organizações?”