Você nem bem chega ao escritório e começa a sentir palpitações. Seu estômago dá um nó. A pessoa da sala ou baia ao lado pigarreia de maneira exagerada o tempo todo e o interrompe invariavelmente com comentários estúpidos sobre algo que está lendo ou fazendo. Você fantasia que ela pede demissão, é demitida ou atropelada por um carro. Se seu dia estiver sendo assim, você foi “contaminado”.

Katherine Crowley, psicoterapeuta e coautora de Trabalhar com você está me matando (ed. Sextante), explica que o termo “gente tóxica” descreve o que acontece quando alguém ou algo desencadeia uma forte reação negativa interna no outro. Pode ser um fato tão simples quanto limpar a garganta ou terrível como uma figura autoritária e abusiva que transforma a vida em um inferno. “O indivíduo é arrastado para tal estado de turbulência emocional que sua produtividade fica prejudicada”, diz Crowley em uma entrevista a Karen Christensen, publicada na Rotman Magazine.

Engana-se, contudo, quem pensa que é possível forçar um colega a mudar. A autora, que trabalhou durante mais de 20 anos no ambiente corporativo, observa que, em geral, o comportamento das pessoas não é mudado por outros, por mais que tentem. “Apenas a própria reação diante do comportamento alheio pode ser alterada.” Isso implica usar “eu” antes de “você” quando comunicamos algo sobre a situação e tentamos estabelecer um limite, como ela aconselha. Ou seja, deve-se dizer “eu gostaria” ou “eu preferiria” no lugar de “você sempre faz a mesma coisa” ou “você me cansa”. É a “comunicação positiva”, como a nomeia Crowley.