É natural que os presidentes de empresas ajam com mais cautela diante de alguns investimentos. Grandes iniciativas em países politicamente instáveis, comuns entre empresas dos setores de mineração e de extração de petróleo e gás, projetos de teste em pesquisa e desenvolvimento nos setores de alta tecnologia e farmacêutico, e aquisições de tecnologias ou empresas não comprovadas em diversos setores incluem um risco acima da média. Embora o potencial retorno pareça sedutor, o que acontecerá se o projeto fracassar?

Na hora de avaliar os prós e os contras dessas situações, os executivos em geral investem nas habituais projeções de fluxo de caixa, nas quais frequentemente fazem pequenas alterações. Esquecendo as lições ensinadas nas escolas de administração, eles elevam as taxas de desconto ao calcular o custo de capital, como reflexo das incertezas do projeto. Com isso, muitas vezes sem perceber, fixam essas taxas em níveis não justificados nem pelos substanciais riscos subjacentes e, em consequência, acabam rejeitando boas oportunidades de investimento. O que muitos não percebem é que estimativas apenas 3% a 5% acima do custo de capital podem reduzir significativamente as estimativas de valor. O acréscimo de meros três pontos percentuais, para um custo de 8% do capital de uma aquisição, por exemplo, pode reduzir o valor atual em 30% a 40%, dependendo da taxa de crescimento no longo prazo.

Além disso, o aumento da taxa de desconto incorpora premissas de riscos pouco nítidas no processo de avaliação, geralmente baseadas em pouco mais do que uma percepção de risco maior. O problema começa porque as empresas pegam atalhos na hora de estimar os fluxos de caixa do investimento. Para calcular o valor presente líquido (VPL), os analistas devem descontar os fluxos de caixa esperados a um custo de capital condizente. Em muitos casos, porém, eles usam apenas estimativas de fluxo de caixa que indicam que está tudo bem. E, ao perceber isso, os executivos aumentam a taxa de desconto para compensar os fluxos de caixa potencialmente exagerados.