O leitor já imaginou ter de liderar uma companhia de grande porte nos Estados Unidos sem saber uma palavra de inglês? Foi o que aconteceu a Wesley Mendonça Batista em 2007, quando sua empresa, a JBS, acelerou a internacionalização iniciada em 2005 com a compra da Swift dos EUA. Por conta das diferenças culturais, ele enfrentou dificuldades de que nem desconfiava, como as que envolveram funcionários muçulmanos e sua interrupção do trabalho no Ramadã –e os consequentes protestos favoráveis e contrários a isso. Porém, menos de uma década depois, os resultados da estratégia não deixam dúvida sobre sua boa execução: a JBS é a maior companhia de processamento de proteína animal do mundo todo e também a maior multinacional privada de origem brasileira. E, embora ele seja filho do fundador, ninguém se atreve a dizer de Wesley que esteja à frente do negócio só por ser da família. O mercado em peso –e note que a JBS é negociada em bolsa– reconhece seu talento de gestor.

Esse talento não vem de educação formal; como um “Steve Jobs do sertão”, Wesley preferiu o aprendizado na prática ao da faculdade. Em sua análise, não se ter distanciado de suas raízes goianas e dos ensinamentos do pai empreendedor, José Batista Sobrinho, foi fundamental. A principal lição paterna, avalia, foi a de não temer o novo, confiando na própria capacidade de aprender e na vontade de superar dificuldades. Além disso, Wesley crê que o sucesso passa por ter certo “espírito”.

Pelo menos três dos seis irmãos Batista já mostraram ter esse espírito ao transformar um frigorífico que abatia apenas cinco cabeças de gado por dia em 1953 em uma gigante com capacidade total de abate diário de mais de 80 mil cabeças de bovinos, 18 mil de ovinos, 50 mil de suínos e 8 milhões de frangos. Seu faturamento mundial em 2013 está previsto em mais de US$ 40 bilhões.