Transcrição:
Clique na frase para navegar pelo vídeo

Minha jornada começou em uma casa tradicional, ao redor de Boston, meus pais se conheceram no colegial, meu pai trabalhou na mesma empresa de advocacia por toda a vida,

e a minha mãe criou a mim e meus irmãos. Eu fui para Harvard, e então a faculdade de direito de Yale,

e era esperado que eu seguisse aquele caminho tradicional. Mas ao entrar na faculdade, percebi que não queria ser advogada, os professores, então, me despacharam para a América Latina

para trabalhar em um projeto. Trabalhei para uma firma e me apaixonei pela América Latina. Mas algo era estranho:

ninguém abria uma empresa. Isso foi no meio dos anos 90, nos EUA, as pessoas falavam do Yahoo, Netscape e Bill...

Steve Jobs tinha voltado para a Apple. Por que ninguém abria uma empresa na América Latina? E por que eles queriam trabalhar para o governo?

Bom, o meu momento de acordar foi em um táxi em Buenos Aires, quando descobri que o meu motorista tinha uma formação em engenharia. Então perguntei o óbvio: "Por que você está dirigindo um táxi?"

Nós seguimos o caminho, e quando tentei perguntar o porquê de ele não tentar abrir um negócio, percebemos que não havia uma palavra em espanhol para "empreendedor".

Claro que ninguém pensaria em abrir algo, não havia nem sequer uma palavra para isso. Então voltei para casa, e junto ao meu co-fundador, Peter, lançamos a ideia para a ENDEAVOR,

para prover grande crescimento ao que chamamos de empreendedores de impacto ao redor mundo, começando pela América Latina. Não tenho formação em engenharia,

não moro no Vale do Silício, e comecei a dizer que não é necessário ser homem em uma irmandade para ser um empreendedor.

E decidi que precisava fazer mais que isso, isso resultou em eu sentada escrevendo realizações malucas mais para pessoas de dentro das empresas do que para empreendedores.

Então quais são as 5 lições que quero compartilhar hoje; Número 1: empreendedorismo é uma ideia e habilidade que todos podemos aprender.

Hoje, todos, não apenas precisam pensar e agir como um empreendedor, assim como podem e devem. Pois a estratégia arriscada é a de não assumir risco algum,

e esperar que nossos empregos e empresas continuarão lá. Meu amigo Michael Dell, que aparentemente parafraseou Tom Peters, disse que hoje há dois tipos de pessoa:

o rápido e o morto.

A parte mais difícil de ser um empreendedor, é dar a si mesmo permissão para avançar com as suas ideias.

As melhores ideias não morrem no mercado, não morrem na sala de conferência, ou no laboratório. Elas morrem nos chuveiros.

Pois todos nós temos as ideias, mas quando saímos, nos convencemos de que é terrível e não podemos avançar.

Então a primeira coisa sobre se tornar um empreendedor, é que temos que estar dispostos a nos dar aquela permissão e saber que seremos chamados de loucos.

Henri Ford foi chamado de Henri, o Louco quando começou em sua garagem. Thomas Edson foi chamado de louco. E mesmo dentro das empresas,

os fundadores da X-box dentro da Microsoft, foram deixados de lado pelos seus colegas. Eles apelidaram o projeto de "Caixão", convencidos de que morreria.

Em uma empresa chamada Frito-Lay, desculpem, uma empresa chamada Taco Bell, alguém teve a ideia de combinar Doritos com o Frito-Lay,

e criar tacos. Os colegas disseram que aquela era a pior ideia, que não funcionaria, e em 14 meses, 500 milhões de tacos locais de Doritos foram vendidos.

Uma ideia multibilionária que quase não saiu do papel porque as pessoas de dentro disseram que era loucura. Portanto sempre digo aos empreendedores,

a primeira lição é: ser louco não apenas é um elogio, mas se você não está sendo chamado de louco,

ao começar algo novo, você provavelmente não está pensando grande o suficiente.

Ok. Número dois: pare de planejar, comece a fazer. Somos tão obcecados com planos de negócios,

que nas empresas as pessoas querem o powerpoint perfeito para mostrar ao chefe. Ignore os powerpoints.

Foque primeiro em achar uma necessidade que precisa satisfazer, e então consiga provas. Isso nos leva à lição 3, que é sobre um novo tipo de líder

que tem sido visto hoje em dia e será a chave para o avanço. E isso é que não estamos mais na era em que as pessoas esperavam que os líderes fossem a estátua que sabe de tudo e parece um deus.

A Geração Y, em particular, quer líderes que sejam transparentes, que mostrem suas vulnerabilidades.

Precisamos de líderes que sejam "imperfincríveis". Minha palavra favorita. Uma combinação de imperfeito com incrível. O interessante é que, uma vez enquanto líder,

ao começar a demonstrar suas próprias imperfeições, você dá às pessoas permissão de assumir riscos dentro da empresa. E uma das coisas mais importantes para criar um ambiente empreendedorial

na sua empresa, é permitir algumas falhas. A próxima coisa sobre as empresas é que temos escutado muito sobre mulheres nos últimos anos.

Alinhando e criando políticas que permitam um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Primeiro que eu não gosto desse termo "equilíbrio entre trabalho e vida pessoal", é muito estressante.

Aqueles de vocês que são pais sabem que nada nunca está em equilíbrio. Mas podemos falar de integração entre trabalho e vida pessoal. E aqui vai o que tenho enxergado:

isso não apenas diz respeito às mulheres. Entrei para um conselho que se tornou público ano passado, é chamado de Zeno Group,

faz toda a fibra e bandwidth. Hoje, depois de se tornar público, muitos dos homens dizem:

amamos essa empresa! Mas nós temos trabalhado 80, 90 horas, mas nossos filhos têm jogos de futebol,

e queremos ensiná-los! Ou ir ao recital de ballet. Os homens estão começando a perceber que precisamos integrar nossas vidas, se quisermos nos manter nas nossas empresas.

E as melhores empresas sabem que, a Geração Y, em particular, que está se tornando a maior parte da mão-de-obra, busca significado e propósito.

Um estudo surgiu, perguntando à Geração Y para nomear o top 10 de empresas nas quais gostariam de trabalhar.

Acima do Google, acima da Amazon, acima da Disney, a número 1 nessa lista foi o Saint Judes Children's Hospital. Entre as 25 empresas top,

mais da metade eram agências do governo e ONGs, incluindo muitas empresas de saúde e educação. As pessoas querem propósito.

Elas desejam não apenas equidade financeira, mas também equidade psíquica.

E parte desse equilíbrio é aprender, como líderes, que temos que seguir nosso próprio conselho. E, para mim, essa foi a lição mais difícil de aprender,

porque sempre pensei que por ser líder e mulher, precisava ser forte e independente nunca tirar férias, e então dei luz a gêmeos, esse plano foi pela janela,

e então meu marido, Bruce Feiler, o jornalista, foi diagnosticado com câncer de osso.

Bruce é conhecido por muitos livros, incluindo “Walking the bible”, o andarilho poderia então não estar mais apto a andar na melhor das hipóteses, ou perderia a vida.

E então disse ao meu conselho: "Vou passar todas as sessões de quimioterapia com o Bruce. E quando não estiver com ele, estarei com minhas gêmeas."

Eu saí da empresa e enquanto isso, a Endeavor cresceu ainda mais. Isso nunca me surpreendeu. Um ano depois, quando Bruce parecia melhor -

e devo dizer que ele está livre do câncer há 7 anos - quando voltei, achei que seria estranho, para ser honesta. Não sabia como falaria a respeito daquilo e ainda assim parecer forte no trabalho.

Mas eu não pude. Todos queriam saber com eu estava, saber sobre as meninas, e os muros caíram.

E ao invés disso me distanciar do meu time, nos tornou ainda mais próximos. E dois funcionários vieram para dizer: "Linda, nós sempre te admiramos,

mas achávamos que você era uma super-humana." Não de uma forma boa. De uma forma não confiável.

"Agora que sabemos que você é humana, vulnerável, te seguiremos para qualquer lugar.

A última coisa que gostaria de falar é algo que considero muito relevante agora no Brasil.

Que é quando a economia está em crise, os empreendedores crescem. Na verdade, a estabilidade favorece os status-quo,

mas o caos favorece o empreendedor.

E na verdade, empreendedores sabem que esse é o melhor momento para abrir uma empresa. Metade das empresas do Fortune 500 nos EUA foram criadas em períodos de crise e recessão. Por quê?

É quando você pode contratar um talento. É o momento onde você pode conseguir uma fatia de mercado. E as grandes empresas, frequentemente, não são ágeis o suficiente

para tirar vantagem disso. E acho que o maior erro das grandes empresas é de se conter e guardarem os seus recursos,

quando na verdade, esse é o momento de atacar.

Beto Sicupira, que era o presidente da Endeavor Brasil, encontrou-se com 10 das nossas empresas outro dia, e ele disse: “Podemos falar da crise, ou posso lhes contar o que estou fazendo.”

E eles perguntaram o que ele estava fazendo. Ele disse: “Bom, no 3G, decidimos que as nossas empresas não participarão da crise.” É claro que ele estava colocando todos para cima,

mas o importante é que ele foi lá para falar sobre técnicas que usamos para inovar, para contratar e reter os melhores talentos. E agora no fim, vou lhes deixar com a minha história favorita

sobre gestão e empreendedorismo no caos. E essa é a história de alguém chamado Walt Disney. Walt era, na verdade, um escritor de comédia fracassado.

Ele perdeu todos os empregos, e eventualmente, ele, seu irmão e um amigo criaram uma personagem bem sucedida. Oswald, o coelho.

Oswald, ou Ozzy, como ficou conhecido, se tornou um grande sucesso comercial. Mas antes disso acontecer,

Walt tinha assinado um contrato que vendia os direitos ao coelho, ele não sabia disso. Então tem um filme a ser produzido, ele vai a Nova Iorque com a sua esposa,

vai até o seu investidor, pensando que ganharia uma promoção, e descobre que o investidor tinha usado aquela cláusula para tomar aquela personagem e contratou todos os designers que trabalhavam para ele.

Walt saiu com nada.

Ele e sua esposa ficaram sem dinheiro algum, e ao voltar para casa, no trem, Walt estava furioso, mas ele fez o que fazia de melhor, tirou o seu caderno

e pensou: "O que vou fazer? Todos os animais bonitinhos já estão registrados. Cachorros, gatos, meu coelho, e a única coisa que sobrou é um rato.”

E vocês sabem o que aconteceu. Ele criou o shorts de veludo, os famosos botões, e Mickey Mouse surgiu naquele trem.

E o que Waltz disse e é algo que todos deveríamos lembrar: “Eu prefiro quando as coisas estão um pouco turbulentas, do que quando estão cremosas como chantilly.”

Então o que eu gostaria de dizer sobre grandes empresas é que apenas lembrem: se você não cria um ambiente onde você e seus funcionários

podem subir naquele trem e criar o próximo Mickey Mouse, pode ter certeza que um jovem empreendedor por aí está fazendo isso. E então você, meu amigo, ficará para trás, segurando um Oswald, o coelho.

Muito obrigada.