A indiferença mata, mas também salva. Às vezes, adotar uma atitude desinteressada é o melhor recurso para se proteger do perfeccionismo, próprio ou alheio, no trabalho. “O trabalho é uma tarefa supervalorizada”, diz o especialista em inovação e liderança Bob Sutton. Se você sente que o entusiasmo por atingir as metas o está consumindo, literalmente, relaxe e livre-se desse peso: essas tarefas nunca terminarão.

Desde seu conhecido blog “Work Matters”, no qual Sutton expõe novas teorias, discute sobre seus livros e conversa com o público, o autor de Good boss, bad boss: how to be the best... and learn from the worst (Business Plus, 2010) incentiva que seus leitores se esforcem em equilibrar paixão e indiferença, para não dedicar energia a tarefas sem importância ou se converter em fanático descontrolado. “A indiferença é tão importante quanto a paixão; é uma ferramenta central para a sobrevivência. Quando há uma infinidade de tarefas de baixa relevância para serem cumpridas, o melhor que se pode fazer é deixar de se preocupar. Isso ajuda a identificar aquelas que parecem significativas, mas não são, e a focar as poucas coisas que verdadeiramente importam.” Sutton é professor de gestão de Stanford e estudioso da conduta organizacional. “Vale a pena falar da indiferença”, explica, “porque é algo que os autores de gestão raramente consideram.”

Ser extremamente veemente não é bom por duas razões. A primeira tem que ver com os limites cognitivos do ser humano. “As pessoas podem fazer uma quantidade determinada de coisas ao mesmo tempo. Se alguém colocar todo seu esforço físico e emocional em cada uma das tarefas, acabará fazendo tudo malfeito.”