Em junho de 2010, Steve Jobs anunciou o início da era pós-PC, em que o computador pessoal estaria, de certo modo, ultrapassado. A declaração foi feita no contexto da revolução que ele esperava com o iPad e, como o próprio fundador da Apple esclareceu na época, não pretendeu insinuar que os computadores de mesa, os desktops, desapareceriam, embora essa tenha sido a interpretação de muitos. O que ele quis dizer foi que os computadores assumiriam uma função mais especializada – “tal como fazem os caminhões no segmento dos transportes em geral”.

O fato é que o comentário de Jobs teve enorme repercussão e se universalizou; hoje, toda análise sobre as transições no mercado da tecnologia remete a ele de algum modo. E é isso que estou fazendo agora, porque acredito que é hora de reconhecer: estamos entrando na era “pós-tablet” e até mesmo na “pós-smartphone”. Minha tese é a de que estamos entrando em uma era “pós-equipamento” em geral.

Voltemos a Steve Jobs. Sua declaração se baseou no fato de que, naquele momento, o crescimento de vendas de computadores pessoais estava perdendo fôlego e previa-se que cairia mais ainda. De fato, as vendas globais do mercado de desktops em todo o mundo atingiram um pico no quarto trimestre de 2011 e depois disso têm diminuído paulatinamente.